quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL


Segundo a especialista em Orientação Profissional do Instituto Pieron, Maria Luíza Dias, que é, também, psicóloga, doutora pela USP e escreve para a revista Psique, é preciso considerar, preferencialmente, o mundo interior do indivíduo, seus interesses, fantasias, desejos e seu projeto para o futuro, quando se pensa na profissão.

Mais do que tentar identificar, por meio de orientação, o que uma pessoa pode fazer bem, considera-se o que ela deseja fazer, sem influências, pelas opiniões da moda, no próprio grupo de identificação, pois cada pessoa é singular e pode ter escolhas particulares, sem que os circunstantes aprovem. Apostar em si, com independência, também é preciso em certos momentos, nos quais as escolhas são fora do padrão vigente. Afinal, passamos a maior parte da nossa vida no ambiente de trabalho.

Tomar cuidado com: conservadorismo, que leva a desprezar idéias mais ousadas e prender-se ao mais comum; desinformação, pois é importante saber da possibilidade de continuidade na formação escolhida; preconceito, imagem preconcebida de uma realidade, sem maior ponderação acerca dos fatos; dependência, que leva a guiar-se pelo que está fora ou por alguém de fora, visando status; e por último, influência dos amigos, pois cada pessoa pode ter um interesse, particularmente, seu.

Por fim, é importante buscar o desenvolvimento pessoal, investindo no autoconhecimento. No mundo atual, nem sempre as pessoas de elevado QI (quociente de inteligência) são as que se saem bem profissionalmente. O nível de complexidade dos relacionamentos, presente no trabalho, exige não só o intelecto, mas, sobretudo, uma inteligência emocional (QE) e uma boa auto-estima.

Muitas pessoas tendem a vincular, sistematicamente, a profissão ao que é politicamente correto, ao ecológico, ao que pode fazer para evitar algo que julga nocivo para a sociedade, para o próximo ou mesmo para o mundo, ou seja: não pensa em si, tentando estruturar uma carreira para o futuro. Passam a idéia de que precisa fazer o bem para serem aceitos profissionalmente; até porque, hoje em dia, uma gama razoável de atividades arranha esse conceito. Trabalhar numa montadora de automóveis, por exemplo, pode ser considerado o máximo, mas pergunto: _Alguém está, verdadeiramente, preocupado com os níveis de poluição que os veículos provocam? Apenas em parte, as grandes potências mundiais discutem, em protocolos intermináveis, a possibilidade de diminuição dos índices de poluição, mas estão empurrando com a barriga, para daqui a 10,15 ou 20 anos.

Alguns não se sentiriam confortáveis em trabalhar na Coca-Cola ou mesmo no McDonal’s, sabendo que seus produtos, segundo informações que nos chegam, fazem mal à saúde. Nessa linha de raciocínio, será difícil identificar alguma atividade que não comprometa alguma dessas regras. Cabe ao consumidor escolher o que lhe é conveniente consumir.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

"A Formação da Psiquê Infantil"

por Adelmo Antonio Brunelli

Ao nascer, o bebê é só fisiologia. Do seu ponto de vista ( do bebê ), nada mais é do que um conjunto de partes desconexas, com carências fisiológicas, neurológicas e afetivas. É, completamente, dependente da mãe ou de quem faça essa função, sem a qual não existe. O processo de encantamento com a figura da mãe permitirá ao bebê sentir-se integrado. É o encontro da fisiologia com o psiquismo materno, do qual resultará um sujeito psíquico, o “eu”. Esse processo de formação psíquica leva, aproximadamente, dezoito meses, sendo os primeiros doze os mais importantes.

Agora, entra em cena a função paterna, que não está, necessariamente, vinculada ao pai biológico, e que será fundamental na separação do binômio: mãe-bebê, cujo efeito seguinte, lá pelos quatro ou cinco anos, será o que Freud denominou de “complexo de Édipo”. A resolução desse complexo, na menina, fará com que ela, identificada com a mãe, olhe para o mundo na busca de alguém com as características do pai. No menino, haverá a identificação com o pai, e a busca de alguém com o perfil da mãe.

Na fase pós-edípica, a criança perde grande parte da sua onipotência primária e passa a desenvolver seu potencial simbólico ( linguagem ), redirecionando a sua libido ( energia vital ), que num primeiro momento esteve voltada para seu “eu”, depois para os pais, agora para o meio externo, demonstrando grande interesse em saber coisas do mundo, por meio de várias indagações. Assim, por volta dos cinco ou seis anos, está finalizada a estrutura básica do psiquismo,

Este breve resumo nos permite avaliar a importância do ambiente e do cuidador no amadurecimento infantil, para atingir o grau de “EU SOU” (psiquismo maduro com senso de integração) preconizado nas teorias de D.W.Winnicott.




Pensando em certos casos, quando o indivíduo relata dificuldades em se tornar independente ou mesmo precisar de alguém da família por perto, significa que algo falhou no processo de chegar ao “EU SOU”. Portanto, deve regredir ao passado, para rememorar o que for possível, visando identificar o que deu origem a esse esquema, que repete sempre, sem se aperceber, pois o nível de amadurecimento psíquico atual é outro. É como se estivesse usando um software desatualizado. Feito isso, o indivíduo irá ressignificá-lo, ou seja: entenderá que aquilo que o afetou, lá atrás, nada representa para a sua vida atual ( é o que chamamos de elaboração ) libertando-o desse sofrimento.

Bibliografia: Dossiê da Revista "Psiquê" por Lou Muniz Atem e Flávio Veríssimo.