terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

"A Formação da Psiquê Infantil"

por Adelmo Antonio Brunelli

Ao nascer, o bebê é só fisiologia. Do seu ponto de vista ( do bebê ), nada mais é do que um conjunto de partes desconexas, com carências fisiológicas, neurológicas e afetivas. É, completamente, dependente da mãe ou de quem faça essa função, sem a qual não existe. O processo de encantamento com a figura da mãe permitirá ao bebê sentir-se integrado. É o encontro da fisiologia com o psiquismo materno, do qual resultará um sujeito psíquico, o “eu”. Esse processo de formação psíquica leva, aproximadamente, dezoito meses, sendo os primeiros doze os mais importantes.

Agora, entra em cena a função paterna, que não está, necessariamente, vinculada ao pai biológico, e que será fundamental na separação do binômio: mãe-bebê, cujo efeito seguinte, lá pelos quatro ou cinco anos, será o que Freud denominou de “complexo de Édipo”. A resolução desse complexo, na menina, fará com que ela, identificada com a mãe, olhe para o mundo na busca de alguém com as características do pai. No menino, haverá a identificação com o pai, e a busca de alguém com o perfil da mãe.

Na fase pós-edípica, a criança perde grande parte da sua onipotência primária e passa a desenvolver seu potencial simbólico ( linguagem ), redirecionando a sua libido ( energia vital ), que num primeiro momento esteve voltada para seu “eu”, depois para os pais, agora para o meio externo, demonstrando grande interesse em saber coisas do mundo, por meio de várias indagações. Assim, por volta dos cinco ou seis anos, está finalizada a estrutura básica do psiquismo,

Este breve resumo nos permite avaliar a importância do ambiente e do cuidador no amadurecimento infantil, para atingir o grau de “EU SOU” (psiquismo maduro com senso de integração) preconizado nas teorias de D.W.Winnicott.




Pensando em certos casos, quando o indivíduo relata dificuldades em se tornar independente ou mesmo precisar de alguém da família por perto, significa que algo falhou no processo de chegar ao “EU SOU”. Portanto, deve regredir ao passado, para rememorar o que for possível, visando identificar o que deu origem a esse esquema, que repete sempre, sem se aperceber, pois o nível de amadurecimento psíquico atual é outro. É como se estivesse usando um software desatualizado. Feito isso, o indivíduo irá ressignificá-lo, ou seja: entenderá que aquilo que o afetou, lá atrás, nada representa para a sua vida atual ( é o que chamamos de elaboração ) libertando-o desse sofrimento.

Bibliografia: Dossiê da Revista "Psiquê" por Lou Muniz Atem e Flávio Veríssimo.

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